Do velho, mas sempre recomendado, exercício de conhecer-se a si mesmo, confrontar-se com as nossas expectativas com o propósito de escolher quais valem a pena manter na prateleira intitulada “desejos possíveis” e quais jogar na lixeira da desistência, é apenas um dos embates diários em nossas batalhas pessoais.
Expectativa é algo extremamente complexo de se lidar, pois além das que você já
alimenta por si só, tem as que os outros alimentam por você, sobre você e todas
as apostas que deveriam importar apenas a você. Ou seja, como se não bastasse
nossas próprias expectativas sobre os nossos anseios para nos deixar ansiosos,
tem a expectativa dos outros para nos enlouquecer de vez.
Certamente, de todas expectativas da minha, da sua, da vida de qualquer ser
humano, ver o amor vingar é uma das que ocupam lugar de destaque na tal prateleira dos desejos pessoais. Um amor
que dê certo, de todos os objetos, é o nosso xodó!
E é exatamente a expectativa de encontrar o amor perfeito que desencadeia
nossas maiores aflições e, intoleravelmente, o maior número de palpites
alheios.
Quem já não ouviu, no auge de uma avassaladora paixão, alguém soprar-lhe nos
ouvidos o vento odioso da duvida: “Você acha que isto vai dar certo?”.
Um minuto após o nocaute você olha para pessoa, dá um sorriso tonto de quem
acabou de levantar da lona, e pensa em como rebater à altura o golpe baixo
arremessado diretamente em seu coração.
Lógico que não! Nem você, nem eu, nem o intrometido que resolveu antecipar o futuro, do qual a única coisa que sabemos é que é incerto. Ninguém poderá garantir que “isto”, que é como sua grande
paixão foi resumida, vai se transformar no amor perfeito e dar certo.
Claro que esta é a expectativa e, consequentemente, a parte aflitiva de
qualquer relação. Ninguém vê os dias, meses, anos passarem ao lado de uma
pessoa pensando: “isto não vai dar certo.” A menos que seja masoquista! Por
outro lado, dias, meses, anos ao lado de alguém não garantem ter sido a escolha
certa, o amor perfeito, nem coisa nenhuma. Pelo contrário, o que pareceu ser certo por um razoável período de tempo, pode
passar a dar errado de uma hora para outra.
Temos mania de perseguir o certo, de tentar encalçá-lo no esconderijo secreto
das coisas raras e expô-lo publicamente
como um troféu de nossa vitória certeira. “Estão vendo, eu sei fazer a escolha
certa!” Como se a vida fosse imutável. Como se tudo não se transformasse a todo
instante, até os sentimentos.
Confesso que, por várias vezes, a pressão da expectativa dos outros sobre as
minhas próprias expectativas, quase me empurrou precipício abaixo. Em muitos
momentos pensei em descartar anseios e sentimentos, porque algum guru das
emoções achou, por bem, abrir as cartas do meu futuro incerto. Sorte que a
teimosia é uma característica que me ajuda em certos casos. Teimei, não
desisti, persisti.
Se deu certo? De uma forma ou de outra
deu.Aconteceu do jeito que tinha que acontecer, durou pelo período que deveria durar e que
gosto de chamar de “tempo certo”. Porque o tempo perfeito não é contado pelo número de dias, e sim pela intensidade com que os mesmos são vividos.
Não descarto os grandes anseios da estante, mas na prateleira abaixo delas gosto de colecionar os momentos especiais, que é para quando poeira da dúvida se impregnar sobre as expectativas mais incertas , eles continuem embelezando.
Não descarto os grandes anseios da estante, mas na prateleira abaixo delas gosto de colecionar os momentos especiais, que é para quando poeira da dúvida se impregnar sobre as expectativas mais incertas , eles continuem embelezando.
1 comentários:
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