A culpa é de quem?



 
A culpa é do príncipe! Que príncipe? Aquele que toda mulher espera, desde o instante em que o apresentaram como pré-requisito para a consumação da sentença: “felizes para sempre”.
Parece bobagem, mas os contos de fadas que nos contaram quando éramos pequerruchas, cheios de personagens irreais e finais encantadores, acabaram penetrando em nosso mundo real e se tornando a própria realidade desejada. O príncipe é o mais forte deles.
Pra completar, tão logo nascemos somos nomeadas princesinhas. Do papai, da mamãe, do vovô, do titio, da família inteira. Crescemos acreditando nesta hierarquia fantasiosa e esperando sermos tratadas como tal. E o que é que toda princesa merece?!  Ora, ora, que pergunta tola! Um príncipe é óbvio. Que não existe.
Mas esta decepcionante constatação só chega mais tarde. Depois de muito esperar cavalos brancos pararem na frente da casa trazendo sobre o lombo um legítimo e belo exemplar masculino oriundo da realeza. Após, finalmente, constatar que os únicos cavalos que passam na rua trazem, atrelados a si, reles carroças com ocupantes reais, porém, nem de longe, parentes da realeza.
Pois bem, demora um pouco, mas você descobre que assim como os personagens dos contos de natal e de páscoa, os de conto de fada também não existem. Então, por que ainda continua esperando pelo príncipe?
Mesmo fazendo questão de dizer que já tirou o cavalo da chuva, no fundo, no fundo, a mulher deste milênio ainda espera ouvir o som de ferraduras marchando sobre o asfalto anunciando a chegada do seu príncipe, ainda que estereotipado.
Ela sonha que entre na sua vida um cara bonito, bem vestido, rico,inteligente, educado, motorizado, etcetera;  etcetera.; etcetera.  Que venha salvá-la das agruras de uma vida solitária, amá-la, respeitá-la e, assim, serem felizes para sempre.  Acabei de relatar a mais comum e original lenda urbana.
Vamos combinar, ainda que houvesse uma ínfima possibilidade de se topar com um príncipe de verdade (tipo os loirinhos ingleses), duvideodó que ele teria o perfil de anjo caído do céu, bem ali no seu quintal!
Queridas, príncipe já nasceu sendo servido. Cafezinho na cama, comidinha na mesa, roupinha lavada, passada e vestida, caminha feita com pijaminha sobre o travesseiro... Imagine se saberia servir uma mulher como ela tanto sonha!
Nem sonhe com um príncipe preparando o seu desjejum, fazendo compras no supermercado, passando aspirador, lavando a louça e a roupa de uma vez só, e, ao final do dia, enchendo você de carinhos, beijinhos e juras de amor eterno.
Acorde! Seres como estes não existem fora dos livros de fábulas, apenas aqueles que são portadores de fraquezas e deficiências. Os que são lindos e pobres; os feios e ricos; os lindos, ricos e chatos; os ricos, lindos e mulherengos; os feios, pobres e trabalhadores...
Enfim, amigas, já passa da hora de tomarmos algumas atitudes para o bem de nossa integridade emocional. Primeiro, tirar a coroinha invisível que puseram sobre nossas cabeças e assumirmos de vez que não somos princesas coisa nenhuma. Segundo, e consequentemente, parar de esperar e procurar pelo príncipe que não existe. Terceiro, prestar mais atenção nos “sapos”. Vai que, mesmo não sendo do padrão encantador que tanto lhe buzinaram nos ouvidos antes de dormir, ele esconda um príncipe dentro de si?!
Só, (por favor!) não vá passar a vida inteira tentando desfazer o feitiço. Ame o moço do jeito que ele é.

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