GO HOME!


                
Outro dia conversando com uma amiga pelo MSN (quando estamos sensíveis a emoção aflora até numa conversa teclada apressadamente), ela digitou em letras garrafais cor de rosa: “É QUE SOU ROMÂNTICA!”
Não pensem que a minha amiga estava querendo descrever com esta frase piegas o seu amor mal resolvido por algum rapaz latino americano insensível, com dinheiro no bolso. Ela se referia ao romantismo de viver a vida em clima de paz e amor com todos a sua volta. Bicho!... E gente!
Por longos minutos eu e minha amiga ficamos tricotando, com os fios invisíveis da internet, sobre as características destes seres romanescos, aparentemente patéticos e sua árdua sobrevivência nesta terra de monstruosas e maléficas criaturas práticas, racionais, frias, e, na maioria das vezes, inescrupulosas.
Coisas de quem está em casa à noite com um laptop no colo, sem nada mais produtivo a fazer, você poderia pensar, caso fosse um ser racional. Mas se você também é um dos últimos românticos dos litorais deste oceano atlântico, sabe que conversas deste tipo saem dos corações cansados destas guerrilhas pessoais que se tem que travar a todo instante no mundo.
Porque quem é romântico ainda cultua o estranho hábito de acreditar nas pessoas a sua volta. E o pior é que, por conta disto, abre seu coração como se fosse um livro para que leiam; certo de que o interpretarão corretamente.
O romântico acredita que o amor sempre vence; que a boa intenção sempre prevalece e que a verdade sempre aparece. Mesmo que esteja gravemente ferido por conta das insensibilidades alheias.
Romântico é quem defende com unhas e dentes a teoria que diz que é preciso plantar amor para colher amor; paz para colher paz; felicidade para ser feliz... E que o inverso também é verdadeiro.
Quem é romântico não participa de conchavos; não faz parte de negociatas; não faz pelas costas; não cala e nem consente.
De forma prática, romântico é alguém que não sobrevive a um cargo público e muito menos político. Porém acredita piamente que o mundo poderia ser diferentemente melhor. E se decepciona.
Assim, não só me compadeci do seu sentimento da minha amiga, como me identifiquei inteirinha com ela.  Com meus dedos apressados tentei expressar isto no nosso diálogo virtual: “Será que os românticos são espécie em extinção?”
Será que teremos que nos adaptar a este habitat cada vez mais mecanicista; individualista; oportunista e todos os “istas” mais que houverem?
Nossa conversa acabou sem resposta. Encerramos com um OFF e uma pulga gorda atrás de nossas orelhas.
Serão os românticos a nova geração de ET´s deste planeta?
Go Home!


(Esta crônica faz parte do meu livro 'Na sala de espera 'que será lançado em breve.)


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