Ave de festa


Algumas consequências da evolução, por vezes, me parecem tão inconsequentes que tenho vontade de ordenar meia volta volver!!! Agora mesmo, neste instante, gostaria que minha voz alcançasse os ouvidos das mulheres deste ...(ia escrever Planeta, mas preferi me restringir ao país e poupar consideravelmente meu gogó).  Como ia dizendo, se minha voz chegasse aos ouvidos de todas as mulheres deste Brasil em rebuliço, elas estariam me ouvindo, sonoramente, perguntar:
- Meninas, mulheres, queridas, fofas, lindinhas... Vocês estão pirando de vez?
O que irei escrever aqui poderá me custar a inscrição CARETONA colada na testa, mas não to nem aí! Vamos combinar.  O que esta mulherada têm feito com elas mesmas é assunto para uma parada obrigatória no processo evolutivo da humanidade. STOP NOW!!!
Saber que a liberação sexual sucumbiu com todo e qualquer padrão moral e espiritual, transformando a transa no passo seguinte ao beijo; assim: beijou → transou.  Eu já sabia.
Que os pais com medo de reprimir e serem rotulados, ironizados e desrespeitados, fecham os olhos, rezam e indicam pílula e camisinha. Eu já sabia.
Que a vulgaridade feminina tem assustado os homens de todas as idades e que, no frigir dos ovos, eles acabam escolhendo aquelas com menor quilometragem na estrada das experimentações corporais. Eu já sabia.
Que os modelos “pornotelevisivos” que ao primeiro instante repugnam, logo estão sendo imitados (vide os silicones exagerados abrindo alas nas baladas; os micro-tubinhos de lycra revelando garotas atrapalhadas entre equilibrar-se no salto e esconder a....calcinha; as danças vulgares dos ritmos ordinários coreografando o erotismo barato de fazer vergonha às dançarinas dos cabarés da Belle Epoque parisiense.)Eu já sabia.
Que a oferta de homens, consideravelmente menor do que de mulheres, tem diminuído a possibilidade de encontrar um par para amar e se amada e, consequentemente, criado “mulheres outdoors” que se oferecem escancaradamente, escandalosamente e desesperadamente ao publico masculino. Eu já sabia.
O que me levou a este interlúdio no processo evolutivo da espécie feminina, logo depois de ter decretado estado de emergência na minha alma feminal, foi, assistir de camarote mulheres decretando-se “bebuns” com muito orgulho e sem pudor.
Um misto de asco e piedade acontece em mim cada vez que leio ou ouço uma mulher escrevendo ou anunciando que vai sair pra beber e nem Deus sabe no que vai dar. Como se isso fosse admirável, sensual , atraente! Vou fazer jus ao rótulo que já deve estar colado em mim e dizer que, para a caretona aqui, não existe nada mais vulgar, repelente e deprimente do que uma mulher bêbada. E sou capaz de apostar que a maioria dos homens, neste aspecto, é tão careta quanto eu.
Meninas lindas, vestidas com as grifes mais caras da praça têm usado equivocadamente a garrafa ou o copo como acessório para garantir o status entre a espécie masculina, tentando ser aprovadas e provadas pela tribo que sempre apreciou em maior abundância a bebida alcoólica. Mulheres que no desequilíbrio das emoções tentam igualar-se a eles na ilusão de apaixoná-los. Quanta desilusão!
Festas e fotos ficam mais atrativas e curtidas com uma taça na mão. O glamour no champanhe; o mistério no destilado; a descontração na cerveja; são os atributos da imagem que elas posam e creem que adquirem aos goles. Quanta ilusão!
Corpos seminus e sem pose, curvados sobre a privada despejando o líquido azedo ingerido na noitada; maquiagem borrada; choro descontrolado e frases desconexas é decoração corriqueira nos toaletes femininos. Quanta “porquidão”!
Mesmo sendo este mais um daqueles casos em que o problema não é meu, tenho a impressão que o rótulo que garante a autenticidade do meu teor feminino esteja sendo adulterado. É como se a qualidade de ser mulher já não valesse nada, pois as cópias mal feitas estão dominando o mercado. Sinto-me uma mercadoria barata, ainda que tente manter minha legitimidade.
Beber não é pecado, até porque faz tempo que pecar é uma questão de consciência e não de religião. Agora, se oferecer de bandeja feito ave de festa, embebida no álcool para amolecer a carne e ficar mais apetitosa, é total inconsciência (para não dizer coisa pior). A ressaca no dia seguinte é garantida, o vazio também.


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