Criatura e criador


DE onde viemos e para onde vamos? Não sei precisar ao certo há quanto tempo esta pergunta martela em minha mente e, sem sombra de dúvida, na mente de toda a humanidade.
Temerosos de que as marteladas nos enlouqueçam acabamos abrindo a gavetinha dos enigmas indecifráveis da nossa existência e trancafiamos lá esta questão insolúvel. Medida simples, porém insatisfatória. Não é à toa que vira e mexe estamos remexendo na tal gaveta, trazendo para fora a malfadada questão: de onde mesmo nós viemos?
Das várias teorias em pauta, algumas definitivamente eu rejeito e tenho minhas razões para isto. Francamente, não posso conceber a idéia de ser ancestral de algum tipo de primata que resolveu evoluir e virar gente. Tudo bem que as outras espécies de macacos (que optaram por não evoluir) existentes nas matas e nos zôos hoje em dia sejam apenas nossos primos distantes... Mas, a parentada que me perdoe à soberba, mas não vou contar aos meus filhos e netos a historinha da macacada da nossa família. Não vou mesmo!
Ser uma folhinha remanescente da extremidade das ramificações da árvore genealógica do Sr. Adão e da Sra. Eva me parece algo básico demais. Não sei o que é mais intolerável, ter nascido do barro ou da costela de alguém. Além da inconsistência dos dados, desde que esta história surgiu, a mulher passou a ser um apêndice do homem. Como um osso faltante que não faz falta nenhuma. Reneguei definitivamente o meu nome desta árvore.
Continuo assim, embrenhada na confusão criada pelo Evolucionismo de Darwin e no paradoxal Criacionismo da versão Gênese Bíblica, onde o pecado de Adão e de Eva (não se sabe ao certo quem comeu “o quê” primeiro) deu início à humanidade, mas não abençoou o ato sexual. E ainda resta o efeito Big Bang!
A idéia de ser fruto de um amontoado de poeira estelar perdida no espaço, até que me agrada. Dá um toque de glamour místico. Ser descendente direto das substâncias de outras galáxias é uma hierarquia e tanto! Permite-me mirar o céu numa noite estrelada esperando o momento em que a família extraterrestre venha me resgatar num OVNI superpossante.
O fato é que quanto mais procuro me desvencilhar da teia de fundamentos inconsistentes sobre a origem do ser, mas me enredo e acabo me afastando de uma verdade palpável. Ao refutar aquilo que não me convence alicerço a teoria de que pouco importa “como”, “do que” ou “de onde” surgi. Que diferença faria a minha vida, descobrir de onde eu vim? O que mudaria nos meus conceitos, na minha bagagem, no meu presente, no meu futuro e no meu coração? Exatamente nada!
Fechei a gaveta deste enigma para sempre e joguei fora a chave, pois a tempo descobri que a origem e a razão de tudo se chama AMOR. Não sei de que matéria ele advém, só sei que vive e se desenvolve dentro de cada ser. Desta forma não nos fez meras criaturas, e sim, poderosos criadores.

(Do meu livro Na sala de espera.)

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