Ser mulher é F...


"Ser mulher é F...!” Falou-me uma amiga despachada um dia destes. E, apesar de achar que o palavrão não combina muito com o sexo feminino, acabei concordando. Mulher é F.... mesmo! E com um F maiúsculo, que é para sustentar toda responsabilidade que carregamos sobre nossos “corpitchos” frágeis e delicados.
Foi a mesma amiga que completou: “Tá errado! O Criador fez as mulheres todas frageizinhas, fraquinhas, delicadinhas, mas deixou para elas as tarefas mais pesadas e estafantes. É ou não é?”
E eu cutuquei:” Não será que fomos nós, as metidas, que resolvemos burlar as leis divinas para nos igualar aos homens?”
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Se, é ou não é; foi ou não foi; o fato é que cá estamos, as fêmeas criadoras e protetoras, tão cheias de tarefas que mal temos tempo de criar e proteger.
Minha mãe é o exemplo vivo da mulher, antes delas buscarem a tal igualdade entre os sexos. Lembra da profissão dona-de-casa? Minha mãe foi, e ainda é, a mais adorável dona-de-casa que conheci. E, se um dia ser “dona-de-casa” passou a ser uma condição vergonhosa, para mim, hoje em dia, passou a ser invejável.
A mulher minha mãe, muito mais do que dona da casa era dona do seu jardim, da sua horta, dos seus quitutes... Era dona do seu tempo de conversar com as vizinhas, de cuidar dos filhos, de ver novela... Ela sempre foi e será o conceito personificado do que é ser essencialmente mulher. E, como já falei, sinto uma inveja danada!
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Gostaria de ser verdadeiramente dona da minha casa, do meu jardim, da minha horta, dos meus quitutes. Adoraria ter tempo para conversar com as vizinhas, de cuidar melhor dos meus filhos, de ver (novela, não!) meus filmes, de ler meus livros.... Mas não posso! Ando ocupada demais sendo a mulher deste milênio. Que não é nem dona da casa, nem do tempo, nem dela mesma.
Atualíssimas que somos, andamos tão atrapalhadas que já nem sabemos onde largamos nosso coração, nossos sentimentos, nossa alma. Será que estão dentro da bolsa que também não sabemos onde anda? Quem sabe o analista os encontre, ou o antidepressivo, ou Deus.
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No meu caso, descarto as duas primeiras opções, há muito os paliativos não surtem efeitos sobre mim. Quando a coisa pega; o negócio encrespa; a estrutura balança e ameaça cair soterrando o que sobrou de mim; é a Ele que eu busco. E não pensem que é só para rezar, não! É para chorar, xingar, pedir explicação.
Nossos encontros não precisam nem de templo, nem de cerimônia. Falo com Ele do meu jeito e em qualquer lugar, e, por sua vez, Ele me responde do seu jeito em todo lugar.
Assim, com essa intimidade, quando o peso sobre minha condição feminina parecer ser insustentável, choro como toda mulher de verdade e lembro a Ele que, já que não me deu força nos braços, que me abasteça de muita força na alma, porque ser mulher hoje em dia é F...!

(Esta crônica faz parte do meu livro Na sala de espera que será lamçado em breve).

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