Filosofia no recreio

Viver é melhor que ser feliz...

ENTRE o café e os biscoitos ele olhou para mim e perguntou: “Você é feliz?”.
 “Sou muito feliz!” Foi a resposta que lhe dei, sem nem sequer ter parado para refletir.
...
Horas depois, em que aqui me encontro, verifico que a gente só é ou está feliz de verdade se a resposta sai assim de supetão, escancarando a porta do coração e saltando da boca para aterrissar no meio da conversa.
Da mesma forma, quando ao se ouvir: “Está tudo bem contigo?” A resposta sair arrastada, emoldurada por olhos caídos: “É, a gente vai levando...” É porque não está tudo bem coisa nenhuma! Mais do que um sintoma é um atestado assinado de que algo está errado.
E, atenção! Ir levando ou deixar-se levar pode significar cair em “slow motion” no precipício. Demora, mas a gente acaba chegando lá embaixo.
...
Poxa! Se vai levando, então porque não levar pelo caminho mais feliz?
“Ah! Mas não é assim! Tem a falta de dinheiro; tem o desemprego; tem a doença; tem a solidão; tem a traição; tem isto e tem aquilo”.
E tem mesmo! Quem disse que descer até este plano era o mesmo que viver num parque de diversões? Pelo contrário, vou repetir: “Descemos a este plano, ou seja, não estamos no paraíso não! Temos que ralar sim, das mais diversas formas.
Agora, se os reveses nos impedirem de sorrir ou ser feliz, então o que estamos fazendo aqui?
...
Quando respondi ao meu amigo, na hora do lanche, que era muito feliz, completei dizendo:
“Contudo, se a felicidade é ter muito dinheiro; ter muitos imóveis; ter contas gordas em muitos bancos... Então, para os outros eu deveria ser extremamente infeliz. Mas como sou teimosa, afirmo que a felicidade tem a minha cara, porque a minha riqueza tem outros valores.”

( Esta crônica faz parte do meu livro Na sala de espera que será lançado em beve.)

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